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PENSE MODA

novembro 21, 2008

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A balança da moda é de toda cravejada de cristais swarovskis e por isso pesa – e ofusca – um pouco mais. E o Pense Moda não se safou deste excesso de contingente carregado de brilho.

Se enquanto no palco italiano do Centro Brasileiro Britânico o excedente excedia à sua própria luz, na platéia a realidade era bem outra. Não sei se pelo preço (R$ 800,00 o pacote de três dias) ou se pela falta de educação da cultura de moda brasileira em ‘pensar moda’ (e não somente acontecê-la em festas pós-desfiles), os espectadores – e potenciais questionadores – reduziram-se a um pequeno número.

Este fato em nada atrapalha ou coloca em cheque a iniciativa de Cami Yahn, Babu Bicudo e Marcelo Jabur, gente que olha em frente e à frente para organizar e realizar um evento deste porte. Entretanto o restrito público presente já se coloca como o primeiro índice de moda a ser pensado e discutido.

Quanto ao discurso “X” ou “Y” de determinado palestrante, ok, eles estão lá em cima justamente para discutir e argumentar seus pontos de vista sobre o assunto em pauta – o que não justifica seu descompromisso com certas perguntas e atitudes vindas da platéia. Quem é convidado a debater, deduz-se, o é porque tem algo a acrescentar – a quem quer que seja. Pré-conceitos não são, em absoluto, bem vindos. Pontuando nomes (até porque foi fato e não invenção de ninguém), ouvir Daniela Falcão, editora da Vogue Brasil, devolver à Priscila (moradora do Jardim Ângela que foi convidada pelo organizadores do evento para assistir a todas as palestras e não se intimidou com nenhuma bolsa Marc Jacobs, participando ativamente das discussões) que não entendia o que ela queria dizer com ‘moda popular’, confesso, foi um pouco assustador. Afinal, mesmo a Vogue não tendo por perfil de consumidor nada que a vincule ao popular, a distância da publicação do público em questão não implica, ao público em questão, a sua anulação.

De resto, se a Osklen é ou não um ‘case de sucesso’ no Brasil (assunto que rendeu comentários em várias mesas e me deixou intrigada com o alcance conquistado, senão por ela, a Osklen, mas por Oskar, “viril garoto propaganda de sua própria marca”), se o homem brasileiro usaria paletó com bermuda ou se fazemos ‘moda brasileira’ somente pelo simples fato de residirmos neste país dos trópicos, isso são assuntos em pauta e a cada um cabe a sua opinião. O que se faz prerrogativa indispensável é um tópico discutido na mesa de blogues a respeito de seus redatores – a responsabilidade de cada colocação. Se um blogueiro deve ser responsável por tudo aquilo que publica, não deverá ser diferente, com qualquer profissional que participe de uma mesa de debates, a mesma postura.

Por fim, o que de mais saliente podemos afirmar desta segunda edição do Pense Moda é que ele próprio foi o maior assunto colocado em discussão – o que na balança cravejada, me parece uma excelente medida de conclusão.