COZ WE CAN DO IT, CAN’T WE?

dezembro 1, 2009

E o luxo do figurino, da saia mini, do amarelo, do rabo-de-cavalo, do chiclete, da reconquista, do choro, do couro, da mobilete, do boy.

A franja, o canudinho, os faróis.

E o luxo, hein?!

Sem precisar dizer.

ESCHER

dezembro 1, 2009

Fiquei nua diante do espelho e vi muitas.

Marcelo levantou, a cama derreteu do lado esquerdo. Como se presa aos seus pés quarenta e dois foi-se indo, escorregadia. O lençol enroscado numa avalanche submissa ao empuxo e eu em cima, fui atrás. Fui junto, derrapei.

Caí no chão pisado e era como se aninhada por 1,38 de largura mais 1,88 de comprimento, 100% algodão, brasileiro mesmo, não egípcio. Passarinho filhote desgarrado, Marcelo tinha ido.

Fiquei ali o tempo da volta súbita e arrependida passada em quarenta mais dois. Não veio, no oposto sádico a umas lágrimas. Depenada, tão recém-acordada quanto abandonada ladeira cama abaixo, ou me subsistia naquele inferior ou subia no desajeito, trinta e sete direito no chão, mãos no joelho, impulso e trinta e sete esquerdo laboradamente alinhado. Alinhei.

De cima era ir em frente, cada arranjo no seu tempo. Primeiro a cabeça, depois o resto. Ergui, o espelho em diante e eu em muitas, por todos os lados. No jogo reflexivo entre o da parede e o da porta do armário negligenciada aberta, eu não acabava de existir até o infinito, se bem que diminuindo, verdade. Muitas, várias mas sempre a mesma, eu não esgotava. Ali eu tinha de mim pra vida inteira, e pra depois dela. Todas despidas, todas com o cabelo emaranhado e umas lágrimas perdidas. Meu múltiplo em uníssono com meu único.

Eu pensava e elas correspondiam, obedientes. Decidi que deviam se desemaranhar. E eram muitas, e eram mãos e mãos e mãos pra sempre me acariciando o couro cabeludo, descendo os dedos pelos fios já não tão revoltos. E foram milhares os esboços de sorriso de canto de boca do lado esquerdo, o mesmo da cama derretida. E depois vieram as pontas, táteis, nos olhos diversos e molhados, verdes. E o sorriso se contaminou. E se dobrou. Não, quadruplicou. Não, disseminou. E eu era todas. E eu era todos os risos.

E eu era todas as bundas, e eu era todas as sardas, todas as estrias e todas as celulites. E eu era todas as pernas compridas, todas os seios pequenos e provedores, todas as orelhas furadas e todas as peles machucadas. E eu era todos os desejos e todas as mulheres deles. E eu era todas as mulheres, ali derrubadas e ali suspensas, ali maiores, em pé, 37.

E quando toda, e quando todas elas, e quando esquecida do que era ido ele se voltou, a nós, todas. E nós aceitamos porque naturalmente muitas e naturalmente fêmeas. E nos permitimos porque naturalmente corpos. Antes infinitivos e agora espelhados. Na acordada multiplicação.

de oscar a marcelino, a geografia dos freires

novembro 23, 2009

Esse feriado eu fui pra (evento feito por ele, de quem já disse aqui) e não levei a moda a tiracolo. Na volta ao mundinho, domingo já madrugada, encontrei essas duas coisas, lá no Chic:

– Fernanda Yamamoto sobre como preferiu a Vila Madalena ao Jardim para inserir sua loja – “… o perfil de lá (Jardins) está mudando demais. O Bom Retiro está subindo para o bairro e os estilistas mais autorais estão saindo”.

– A escolha de Trancoso por Luiza Setúbal como novo território para ancorar sua loja pop up de acessórios – “Acho que é o lugar no Brasil que melhor define o conceito do verão”.

Lá, nesse evento que escreveu meu feriado, o cara porreta que é Freire mas não Oscar e sim Marcelino, chamou: gente, bora interferir na geografia das coisas!

É o que Fernanda está buscando. E é o que os coreanos e Luiza não.

E essa é toda a diferença.

E que diferença faz.

de Losso para Lee, anti-catequese

novembro 16, 2009

Primeiro porque já é o máximo uma cátedra de banca se emocionar tanto com o trabalho de uma formanda (e não deveria ser sempre assim? ou, ao menos, ser mais assim?), segundo porque o trabalho é emoção mesmo e rende, sim, posts em mais de um blog (aqui e aqui, além desse aqui que você está lendo). Primeiro, por sua vez, porque a garota em pauta é brasileira, não celebritie e dona de uma idéia que, até agora, mostrou-se bastante consistente. Segundo porque ela não tá fazendo moda dobrando a barra da boyfriend pant – ela está, literal e poeticamente, fazendo moda.

Yoon Hee Lee apresentou, na FASM, sua coleção “Conquistando Conquistadores”. Palavras de Thais: A pergunta que a Yoon Hee Lee joga no ar é “Que tipo de mundo viveríamos se a cultura dos nativos da América se tornasse dominante, incorporando-se à cultura européia?”

Pois é, que tipo?

Bom, por aí a gente já percebe que a moda pode – E DEVE – discutir e desfilar temas socialmente relevantes, acarretando em estéticas ainda mais contundentes. Um pouquinho mais da história dessa coleção (ainda nas palavras de Losso): a estilista criou uma história fictícia, onde os jesuítas se adaptaram à vida dos nativos e incorporaram às suas vestimentas traços da indumentária indígena para simbolizar a comunhão que desejavam criar entre as duas culturas. Com o tempo, eles formaram uma comunidade com os índios e decidiram voltar para a Europa para apresentar o que haviam aprendido. Infelizmente no retorno o navio acaba afundando e termina com o sonho dos jesuítas de fundir as duas culturas.

Prestaram atenção nas questões levantadas por Yoo? Sim, os jesuítas massacraram a cultura indígena, catequizando e europeizando tudo o que viram pela frente. Mas, como sonha Lee, e se o massacre tivesse dado lugar à fusão?

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Tá vendo como dá? Tá vendo como dá pra ser brasileiro sem ser caricato? Tá vendo como a moda pode ser brasileira e, ao mesmo tempo, totalmente inserida num contexto global? Yoon Hee Lee apresentou uma coleção que já é, por si só, um editorial internacional completo, falando de brasilidade sem fuxicar.

Diz que ela mandou uma pasta com seus trabalhos para o diretor de admissão da Central Saint Martins (reconhecida escola de arte e design de Londres) e ganhou (ganhou!) um curso de pós-graduação.

Lindo, mas pra pensar.

Tomara sim que Lee vá pras gringa e arrase, mas tomara que ela continue (se) questionando e costurando temas tão enraizados como o da sua monografia. E tomara que ela seja uma BRASILEIRA ESTILISTA (se não de nome, pelo menos de formação) e não uma estilista brasileira. Tomara que ela se funda e não seja massacrada. Tomara que seu sonho não afunde. Tomara que ela não seja um nome por trás de uma grande casa. Tomara que ela não seja catequizada por uma grande casa. Tomara que ela construa a sua própria.

Com estruturas brasileiramente alicerçadas, de preferência. E sem alegorias. Como ela bem mostrou que pode fazer.

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Vai Lee, vai ser o inverso. Conquista o velho continente que nós, indígenas colonizados do novo, esperançamos.

ACORDA FIA!

novembro 13, 2009

Alguém aí, é, você mesmo, ou você, sei lá, alguém aí já parou pra pensar que quanto mais a gente tenta se diferenciar pela moda mais igual a gente fica a todo mundo que tenta se diferenciar pela moda?

Então pensa.

Porque se ninguém pensar, 278 dos 300 blogs de moda do bRasil vão continuar falando da transparência rendada de Carine Roitfeld; do Bad Romance da Lady Gaga; da Demi Moore photoshopada e de Bailmain na W; do novo cabelo de Vic Beckham Posh; da Drew Barrymore; da Alexa Chung; de como usar aquele lenço, aquele cabelo ou aquela jaqueta com aquela calça, pra todo mundo ficar assim bem igual, fashionisticamente uniformizado. E padronizado. E pasteurizado.

É, então pensa.

(Update: E, atéquinfim, aderi ao Twitter. Pra vocês que perguntaram e também para os que não, vai aí: @avessodoespelho. Segue lá.)

felicidade é tendência

novembro 10, 2009

Tá logo aqui embaixo, não vou linkar, mas ontem falei alguma coisa sobre um monte de coisa que anda me paranoiando.

Continuando, depois de postada fui devida e belamente assistir à aula desse arretado aqui. Ele é meu professor e é porreta e é conterrâneo de Ivo e faz um monte de coisa legal aqui pela capital e por esse mundão de Brasil (tipo isso aqui ó; ou isso).

Enfim, tava eu lá na aula quando ele resolveu dar um tema pra cada aluno escrever, em 15 minutos e em até 5 linhas, o sobre por ele tematizado. Ganhei o Mal de Alzheimer. E fiz assim:

Ao não mais saber dizer sentido, senti. Enfim. E quando lá não mais souber ditar o dito, escuta. Porque deixa-se ir e revive. Despido do diário lembrar-se de ser.

E ele disse assim: soa Fernado Pessoa. Uma Salve Rainha para a senhora.

E eu fiquei feliz. Assim.

🙂

O que tá sempre em moda.

ecos de um momento

novembro 9, 2009

E aí que às vezes não tem e aí. Já foi e pronto. E se se preocupar demais com o que vai vir, perde-se o que está sendo. Perde o que se é.

E aí que bateu uma vontade de voltar a morar em Paris. Afinal,  quando estava lá, pensava eu meu coração estar aqui.  E aí que logo depois da vontade, pensando e sentindo melhor, percebi mesmo é que se meu amor não estivesse em Paris, não estaria, eu agora, com saudades. E daí percebi que o coração sempre foi parisiense, o que faltava era a cabeça.

Ainda bem.

Tomara que seja sempre assim.

Porque quando a gente tá doente, meio que perdida e no dia seguinte da feitura de uma estupidez, só o que salva é a integridade do sentimento.

Mas o que fazer quando se ficar o bicho-pega e se correr o bicho-come? Ou pertencer à dureza da vida sem desenternecer? Tá, o assunto não é novo nem a angústia paarticularidade minha. Che já posterizou. E  Umberto Eco, lá em 64, já discutiu os Apocalípticos e os Integrados: os primeiros criticam a cultura de massa, no entanto se fazem notórios justamente por meio dela; já os segundos alistam-se despudoradamente a ela, lucrando, integradamente, com isso.

Vai que não tem jeito. Ou se aceita a vida como ela é imposta que é (e assalaria-se, seguramente, com isso) ou se inquieta frente a ela, vivendo-se à margem (financeira, inclusive) ou, hipocritamente, se valendo (financeiramente, inclusive) disso.

O que não dá é ficar no meio disso tudo, capenga e mambembe, sem saber pra onde o coração precisa ir.

Como eu, hoje, doente, meio que perdida e no dia seguinte da feitura de uma estupidez.

Ainda bem que a integridade do sentimento é uma salvação.

Tô precisada de outra.

má educação

outubro 26, 2009

Uma vez, em amigas e em confidência (Xchté e Talitão), concluímos que sermos criadas em quartos cor-de-rosa, à espera de príncipes encantados e deixando nossos longos cabelos crescerem entrelaçados pra facilitar qualquer escalada masculina até nós era a pior coisa que se podia fazer a uma bebê fêmea.

O negócio é ensinar a mulherada desde cedo que fábula é balela e o melhor mesmo é crescer em jeans, listras e coturnos bem pesados e presos ao chão. Certo?

Pois então.

Foi só saber que GBundchen está prestes a trazer à luz outro ser feminino fadado à esperança romântica que toda essa conversada de bar descrita aí em cima diluiu-se em babadinhos, rendas, cavalos brancos, beijos em sapos blá blá blá. Depois, nós, mulheres, reclamamos. Fazer o quê?

Diz que ela pensa em decorar o quarto da guria em tons pastéis.  Aí me inspirei em ver coisas bonitas pasteurizadas (ou de princesas).

pastel6

pastel3

pastel7

fábula

pastel

pastelpássaro

princesa

índia

devendra

das tatoos à moda. digressões definitivas e chanel.

outubro 19, 2009

A tatuagem é um compromisso. Um desejo efêmero que nos permitimos definitivo. Por isso gera dúvidas. E impõe respeito.

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Marginal, não nasceu assim. O ser humano, quando estava se transformando em um, belo dia percebeu que tornar-se indivíduo onde antes só se sabia coletivo exige identidade, individuação, personalidade, autenticidade. Aí resolveu que poderia usar o prórpio corpo pra se diferenciar do bando. Então começou a se pintar. Definitivamente.

Daí pros adornos e peles foi um pulo, pras roupas um salto e pra moda toda uma modernidade (porque sim, ela nasceu lá, na Idade Moderna).

Eu, humana que sou, sempre quis me tatuar. Sempre desde os 17. Até os 28 faltou a tal da coragem com o pra sempre. Mas, como a necessidade de personalização é primitivamente ancestral, não neguei a raça e me iniciei. Contrária à História, comecei meu processo autoral pela moda. E fui voltando. Até quando, enfim, me comprometi e permiti.

Fiz minha primeira tatuagem. Coisa de amigas, marcas de amizade, pra sempre e infinitas (né little Helen! Amo.).

Bom, da primeira pra vontade da próxima não precisou nem um pulo, bastou um diazinho mesmo. E prcurando minha próxima marca permanente, encontrei. Bem do agrado de qualquer evolução plástica individual.

Se a pintura corporal foi a primeira manifestação individual do homo sapiens, o ornamento a primeira forma de exposição material sobre o corpo e a moda a concretização civilizada de todo esse babado, nada mais coerente do que me ornamentar com correntinhas tatuadas à la Chanel primavera-verão 2010, né não?! Pois então.

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As minhas serão bem logo acima do cotovelo (bem logo mesmo), braço esquerdo. Traços simples, finos, femininos e delicados, como quero ser, todo dia e pra sempre (quando não, pelo menos fica tatuada e intenção. Rá!). Com um pézinho no efêmero do  consumo (e sem o duplo “C” que também não é pra tanto), é bem verdade, mas ser humano é ser também não perfeito, o que torna minha tatuagem perfeitamente humana. E perfeita. Pra mim. Como só tem que ser.

E pra Lagerfeld, claro.

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Não vejo a hora.

revista-se

outubro 9, 2009

value

Vamos falar de valores.

Não o do Macbook, não o das pechinchas (?) da nova outlet na Bandeirantes, não o dos novos must-have nem o dos anúncios nos blogs mais bombados. Vamos falar dos valores que nos são íntimos, únicos, não expostos em vitrines ou postados na web. Valores que plantam sorrisos de cantinho de boca e nos lembram que, né, vale bem a pena o valer a pena. Valores de se acariciar com vontade de virar lagartixa ou sorvete, de ouvir um poema de Vinícius ou de receber um email como esse aqui (vai, faça um forcinha e leia até o final porque, em se falando de valer, esse vale. Muito):

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega do lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado é quem não tem amor, é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar… Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa, é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai pelos parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem gosta sem curtir, quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar.

Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida, para de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.

Tatinha, este é o Arthur da Távola, não redonda.

Envio isso, mas no sentido figurado, esses sentimentos temos com amigos, com irmãos, com pessoas que nos dizem algo apenas no olhar.

Basta ter empatia e vontade de avançar nas relações, mas antes precisamos nos descobrir: nossas falhas, nossas dúvidas, nossos anseios, nossas alegrias, nossas, nossas, não egoisticamente, mas um olhar direto para os sentimentos e não para o umbigo.

É muito dificil deixar de olhar para o umbigo, é muito complicado deixar de lado nossas verdades, admitir nossos erros, nossos deslizes.

Mas isso é vida, pulsação, sangue correndo nas veias, artérias, caminhos que nos levam a alguém ou a nós mesmos.

Te amo, e não canso de repetir, não adianta me dizer: eu sei, Tia.

Sei que você sabe, mas é sempre bom dizer e ouvir.

Você não me conta suas angústias, suas alegrias, seus medos, seus devaneios, seus vícios, suas loucuras.

Mas eu as adivinho porque tenho você no coração e desde que você entrou na minha sem pedir licença rezo e peço à Deus que te proteja, que te ilumine, que te encaminhe e que te aconselhe nas tuas escolhas.

Erros e acertos, encontros e desencontros, amores e ódios, amigos e inimigos…

Olhos, boca, coração, mãos, pés, cabelo, orelha, sangue, pele, emoção, arrepio, saudade, muita saudade.

Força e conte comigo para tudo: erros, acertos, angústias, alegrias, medos, explosões, loucuras, etc…etc…etc…

Sou louca por ti, Tatinha.

Bjs,

Lucia.

É. E não, não tem preço. Principalmente por ser inesperado como uma chuva anarquista em trânsito paulistano, dessas que refrescam sem apagar o fogo congestionado. E, mais do que principalmente, por ser de verdade e não propaganda de cartão de crédito.

De resto, valorizar (se) depende de cada um.

olhos no coração

Enxergue com o coração.

E registre seu olhar.

Bejo valoroso pra todo mundo!

(E ó, pra quem também me escreve de verdade achando esse Avesso verdadeiro, valeu, mesmo. Só não os respondi porque ainda estou dependendo das lans house. Mas quando a net lá em casa parar de dar bafo, as respostas virão. De verdade.)